Ultimamente tenho tentado entender essa nossa mania chata de ter desculpa pra tudo. Se algo deu errado no trabalho, foi o colega que deixou de fazer. Se a nota na faculdade foi ruim, é o professor que não gosta de você. Se nunca conseguimos marcar aquele chope com um velho amigo, a culpa é da vida corrida, essa chata, que não deixa tempo pra nada. Há sempre uma desculpa. Encontramos os motivos para as coisas darem errado sempre olhando pra fora. A culpa nunca é nossa, nunca vem de dentro.
Pois saiba que sim. A culpa é sua, é minha, é nossa, é de quem decidir reclamar. Não vi nenhum estudo de nenhuma universidade bem conteituada americana falando sobre isso, mas me arrisco a dizer que 90% de nossas reclamações tem, lá no fundo, um só culpado: a pessoa que abriu a boca (ou a mente) para reclamar.
A situação se intensifica quando você está prestes a fazer grandes mudanças na vida. As desculpas servem pra esconder o medo do fracasso. É melhor eu não tentar, porque pode acontecer isso, aquilo ou aquele outro. Não vai dar certo. E aí o tempo passa, você segue na zona de conforto e, depois, põe a culpa nos seus fantasmas, que no fundo talvez nem existissem. Cômodo, né?
Eu digo porque sou um chato. Reclamão de carteirinha. Basta um passo em falso pra que meu dia se torne um estresse. Se um grão de arroz sai do lugar que eu previ, meu humor se altera. Mas tenho tentado mudar. Sei o quanto isso faz mal pra mim. Sei o quanto isso atrapalha meu futuro.
Então, da próxima vez que algo der errado no trabalho, vou pensar no que eu poderia ter feito melhor. Quando o resultado de uma prova não for o esperado, vou lembrar daquela vez em que poderia ter estudado um pouco mais. E principalmente, se minha desculpa for a falta de tempo, vou investir em algo que me deixe acordado por mais tempo e desligado por menos.
Perdemos muito tempo com o que não vale a pena e deixamos de correr atrás do que realmente importa. Perdemos muito tempo reclamando e encontrando desculpas, enquanto poderíamos estar vivendo.
Esse texto foi originalmente escrito em 2016.