Quando começamos a pensar em dar um tempo fora do Brasil, nossa “veia viajante” começou a pulsar mais do que o normal.
Todo dia pensávamos em uma viagem diferente, um lugar diferente que ainda temos que, pelo menos, visitar. Um dos lugares citados era Rio Verde, em Goiás. Eu, sinceramente, nunca tinha ouvido falar da cidade.
Quando a Lu mencionou a ideia pela primeira vez, achei que ela estava falando de Lucas do Rio Verde, que fica no Mato Grosso e que eu conhecia por conta da Luverdense, o time da cidade que disputa a Série B do Brasileirão.
Mas a ida pra Goiás não foi simplesmente uma loucura. Fomos ao Centro Oeste visitar a Fer e o Arthur. A Fer é amiga da Lu há anos – apesar de serem naturais da mesma cidade, Tangará, elas se conheceram pelo Orkut!!! – e se mudou pra Rio Verde faz um ano, pra morar com o Arthur, que é advogado e foi pra lá um pouco antes.
Eles já namoram há muitos anos, o Arthur é de Videira – do lado de Tangará, no meio oeste de SC – e se formaram juntos em Direito, mas só foram morar juntos em Goiás, mesmo.
Bom, aqui vale explicar: por que Rio Verde se eles são de Videira? Acontece que há uma ligação forte entre as duas cidades, e essa conexão tem nome: Perdigão.
Antes de se fundir com a Sadia e se tornar BRF, a empresa alimentícia foi o coração de Videira. Gerou empregos e pagou altos impostos à cidade durante muitos e muitos anos.
Até que uma filial foi aberta em Rio Verde, levando muita gente de SC para GO. É muito fácil encontrar gente de Santa Catarina em Rio Verde, e o Arthur acabou seguindo esse caminho logo depois de se formar. Foi trabalhar em um escritório de advocacia do qual hoje ele é sócio.
A Perdigão, mais tarde, mudou sua sede administrativa de Videira pra Itajaí, também em SC, e deixou a cidade do meio oeste órfã de seu capital.
Quinta, 12/5/16
Mas enfim.. Nossa viagem começou na manhã do dia 12 de maio. Enquanto tomávamos café com as mochilas – não malas, concordamos em viajar só de mochila – prontas, o senado votou pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Pegamos o avião em Navegantes e, na conexão, em Viracopos, Campinas, conseguimos testar o cartão de débito do Payoneer, o sistema que estamos utilizando para conseguir utilizar o dinheiro que recebemos dos trabalhos com tradução. Teoricamente, o cartão funciona em qualquer lugar do mundo que aceite Master Card.
No Starbucks de Viracopos, ele foi negado.
Testamos novamente no Subway e deu certo. Com uma ressalva: a máquina reconhece o cartão como crédito, apesar dele ser débito mesmo. No geral, o sistema é bem simples. Você paga em reais e é descontado em dólar na conta Payoneer. Pretendo falar mais sobre isso em breve.
Embarcamos de Campinas pra Rio Verde no começo da tarde. A Lu estava tão ansiosa que quis até pegar fila pra embarque. Mais cedo, em Navegantes, nós tínhamos criticado quem pega fila no portão de embarque. Se os assentos tem lugar marcado, por que as pessoas esperam em pé pra entrar no avião? Entramos no ATR 72 da Azul. Pequeninho e barulhento, o avião chega a dar um pouco de medo. Mas o voo até Rio Verde foi tranquilo.
O aeroporto é muito pequeno, está em reforma e só tem dois voos por dia. O que vai e o que vem de Campinas. Com a reforma, parece que em breve haverá também voos de ida e volta para Brasília. Esse voo até Goiás também fez com que eu aprendesse a tirar o som do “bipe” da GoPro, depois que uma mulher sentada no nosso lado pediu, educadamente, pra que eu silenciasse a câmera.
Chegamos ao aeroporto e o Arthur já estava nos esperando. O calor que fazia em Rio Verde contrastou radicalmente com o frio que tínhamos enfrentado cedinho em Navega. No caminho até em casa, o Arthur explicou que esse calor é normal o ano inteiro, porém um pouco mais seco no inverno e com mais chuva no verão. Ele nos deixou em casa e voltou pra trabalhar. Logo chegaram em casa, Fer e Arthur, e depois dos devidos cumprimentos, a Fer mandou bem demais na pizza do jantar.
Satisfeitos, saímos pra dar uma volta e acabamos parando no Namastê, um barzinho bem simples, mas que tinha cerveja gelada e uma música ao vivo muito boa. Foi o suficiente pra conversarmos mais um pouco, contarmos em detalhes nosso plano de viagem pra eles e voltarmos pra casa, cansados.
Na sexta-feira saímos desbravando Rio Verde, andamos de moto táxi e tomamos banho de água com lama. Mas isso eu conto na sequência dessa história, no próximo post.
Texto originalmente escrito em Maio de 2016.