A vida de freelancer não é para todo mundo

mulher sentada no sofá com notebook no colo

Eu decidi que queria ser freelancer em 2015, quando li pela primeira vez sobre nomadismo digital, provavelmente no nomadesdigitais.com.br – que já não existe mais. Na época eu era sócio de uma empresa que fazia assessoria de imprensa e gestão de mídias sociais, mas já estava com o saco meio cheio.

As primeiras tentativas na vida de frila ganharam corpo em 2016 – sim, vou usar sempre o termo “frila” com “i”, porque é assim que utilizamos lá no TripFrila. Desde então, entre idas e vindas, já são mais de quatro anos navegando nas águas nem sempre calmas – mas nem tão turbulentas – da carreira freelancer.

Nesse período, vi muitas pessoas despertarem para o mesmo sonho que eu: trabalhar por conta própria, sem horário nem local fixo.

Mas, enquanto muitos decidiram tentar e cresceram como frilas, outros esbarraram em um obstáculo muito claro: a vida de freelancer não é para todo mundo.

A lista a seguir reúne quatro características essenciais para o insucesso de um freelancer, seja ele produtor de conteúdo, tradutor, designer ou exerça qualquer outra função. Se você se encaixa em algum desses perfis, dificilmente essa caminhada servirá para você:

Se você não consegue controlar seu tempo

Ter flexibilidade no seu horário de trabalho pode ser um sonho.

Ou um pesadelo.

É muito fácil se perder fazendo testes nos Buzzfeed ou no feed do Instagram.

É muito fácil colocar o relógio para despertar às oito e acabar levantando às nove e meia.

É muito fácil perder completamente a noção do tempo quando você não precisa bater ponto.

Controlar o próprio tempo é uma habilidade que todo freelancer precisa ter, obrigatoriamente. Respeitar o despertador, livrar-se de distrações, ter uma boa noção de quanto tempo será necessário investir em cada tarefa.

Sim, isso pode ser aprendido com o tempo. Você não precisa começar a carreira sendo um mestre no controle do relógio.

Mas saiba que, na batalha diária contra o ponteiro, ser displicente poderá custar muito caro.

Se você não consegue guardar dinheiro

Essa pesquisa de 2019 mostra que 67% dos brasileiros não consegue guardar nenhum dinheiro. Claro, muitas pessoas ganham muito menos do que o necessário para sobreviver, quem dirá para pensar em economizar.

Mas também é verdade que muita gente não tem noção nenhuma de educação financeira, muito porque essa é uma matéria completamente ignorada pelas escolas – ou pelo menos era, no meu tempo.

Os empregos CLT acabam auxiliando nesse sentido porque “forçam” as pessoas a guardar uma certa quantia em algumas ocasiões. Por exemplo: Quantas pessoas conseguiriam guardar, de fato, a grana do décimo terceiro, se ela fosse paga em parcelas, junto com cada salário, ao longo do ano?

Na caminhada freelancer, não existe 13º. Nem férias. Nem plano de saúde pago pela empresa.

É preciso, então, saber que a cada real – ou dólar, ou euro – conquistado, uma certa porcentagem vai ter que ser separada… Isso porque, se você não trabalha, você não recebe.

E se você ficar doente? E se precisar parar por uma semana por qualquer outro motivo? A reserva financeira é o que vai te permitir esse break. Para ser frila, será preciso poupar, sim ou sim.

Se você não gosta de estudar e aprender

Na verdade, esse ponto vale não só para os freelancers. Quem não curte – ou não acha necessário – estar sempre aprendendo algo novo terá dificuldades em qualquer mercado.

Todos os dias, centenas, milhares, milhões de pessoas estão lá fora tentando ser melhores que você. E a melhor maneira de se manter competitivo é estar sempre estudando, aprendendo.

Vídeos, livros, podcasts, cursos… Existem N maneiras de se manter atualizado. Procure saber quem se destaca no que você faz e inspire-se nessas pessoas. Muitas vezes, elas têm materiais que você vai ter prazer em estudar. Esses cursos de escrita, indicados pelo Matheus de Souza, servem como exemplos para redatores.

Só não aprende quem não quer e, se você não quer, a carreira freelancer não é para você.

Se você não gosta de “aparecer”

Qualquer um pode fazer meu trabalho, mas ninguém pode ser eu.

Harvey Specter, em Suits.

Aqui estamos falando de “aparecer” no bom sentido. Cheguei a acreditar que chegaria até o final desse texto sem lançar mão de um clichê, mas chegou o momento: “quem não é visto, não é lembrado”.

Freelancers estão na estrada por conta própria. Precisam ser vistos, estar em contato com pessoas, divulgar seu trabalho para seu público alvo da maneira mais assertiva possível. Leve em conta o que disse Harvey e saiba mostrar porque você é diferente dos outros, mesmo com tanta concorrência.

Para isso, você não vai poder ter vergonha de expôr seu conteúdo, de alimentar suas redes sociais, de vender seu peixe.

Todo freelancer acaba sendo também um vendedor. E muitas vezes, a divulgação do seu trabalho é mais importante do que o trabalho em si.

O marketing pessoal é fundamental para os frilas, e nesse universo, saber como se posicionar é fundamental. No TripFrila Cast da semana passada, conversamos sobre isso com a especialista em posicionamento Monike Furtado. Vale a pena escutar o que ela tem a dizer sobre o cuidado que nós freelancers precisamos ter com nossa própria imagem.

E aí? Será que faltou algum perfil nessa lista? Será que a carreira freelancer é para você?

Imagem destaca: Unsplash