Eu não queria ser Patrick Mahomes

Patrick Mahomes, jogador de futebol americano, assinou nesta semana o maior contrato da história de todos os esportes profissionais. Com duração de 10 anos, o novo acordo entre o quarterback e seu time, o Kansas City Chiefs, vale 503 milhões de dólares, nada menos do que 2,7 BILHÕES de reais na cotação atual.

Mas eu não queria ser Patrick Mahomes.

É claro, não por conta dos milhões de dólares que virariam bilhões de reais. E sim pelo outro número presente nesse primeiro parágrafo: dez anos de contrato.

Sim, o título deste texto é uma brincadeira e, talvez, se tivesse a habilidade do QB dos Chiefs, um contrato sem precedentes nas mãos e uma carreira inteira pela frente com chances de me tornar o maior de todos os tempos, eu assinaria sem titubear.

Mas juro que meu primeiro pensamento ao ler a notícia da renovação bilionária foi: caramba, dez anos no mesmo emprego.

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Voltando para a minha realidade – que está distante da de Mahomes como Missouri de Santa Catarina – não consigo me imaginar dez anos fazendo a mesma coisa.

Aliás, até consigo.

Desde que não exista nada que me obrigue a passar dez anos fazendo a mesma coisa. O que me assusta não são os dez anos, e sim o fato de haver um contrato que me force a permanecer no mesmo lugar durante uma década.

Talvez eu esteja errado, mas sei que esse não é um pensamento só meu. Nós, Millennials, já ganhamos o rótulo da geração que fica pulando de trabalho em trabalho.

Isso ajuda a explicar porque a estabilidade, aquela tão buscada pelos nossos pais há poucas décadas, virou pó. Pouquíssimos empregos, hoje, podem te dar a garantia de que tudo vai ficar bem por muito tempo.

E nem que me dessem.

Prefiro a instabilidade. Prefiro o frio na barriga. Prefiro desconhecer o amanhã.

Porque todas essas “coisas ruins” vêm acompanhadas de outra, que faz tudo valer a pena: a liberdade.

De poder estar onde quiser, a hora que quiser, do jeito que eu quiser.

Pausa importante: não confundir liberdade com irresponsabilidade. Não é porque quero poder ir e voltar quando bem entender que não acredito em planejamento e responsabilidade. As duas coisas são bem diferentes.

Por isso seguimos assim. Mahomes lá, com seu novo contrato, preso aos Chiefs pelos próximos dez anos. Eu aqui, com minha liberdade e com uma fila interminável de dígitos a menos na conta bancária.

Os dois Millennials. Os dois felizes.

Porque eu não queria ser Patrick Mahomes.

E Mahomes certamente não queria ser Lucas Coppi.