Dizem que é aos 20 e poucos que a vida se decide. A gente termina a faculdade e decide se para de estudar, se começa uma especialização ou se aqueles anos todos na universidade só serviram para descobrir que “não é isso que eu quero”.
Aos 20 e poucos, segundo um instituto qualquer do leste europeu, 65% das pessoas conhecem o amor das suas vidas. 20% separam antes de chegar aos 30 segundo a mesma pesquisa.
Aos 20 e poucos a gente aprende, de um jeito ou de outro, que dinheiro não dá em árvore e que existe gente que só quer te passar para trás. Mas também aprende a poupar quando preciso e a distinguir os “malandros” dos “manés”. Aos 20 e poucos, a gente geralmente vira gente.
Aos 20 e poucos nós não temos mais o gás de uma criança nem, certamente, todos os sonhos de um adolescente. Mas continuamos achando chata essa história de ser adulto. Aí a gente começa a viver igual aquela amiga dos Raimundos, a mulher de fases.
Um dia, você quer largar tudo e viver mochilando. No outro, resolve que vai tomar conta dos negócios do pai e ser o orgulho da família. Ou que vai empreender e começar um negócio inovador, que ninguém já viu parecido. E os 20 e poucos vão passando, até a hora em que você de fato se decide.
O lado bom da história é que os “20 e poucos” duram, na verdade, uma década. O lado ruim é que o mundo lá fora nos obriga, cada vez mais cedo, a decidir quem nós somos e o que queremos da vida. Eu nunca tive 20 e poucos antes, mas acho que era mais fácil ter essa idade antigamente.
Confesso que ainda não decidi quem sou, mas já resolvi o que quero. Seja lá o que o resto dos meus 20 e poucos guardam para mim, vou vivê-los intensamente. O que “der na telha”, quero fazer. Estudar, sair, beber, namorar, aprender mais uma língua, viajar, comer, ler, viajar mais um pouco, casar, ter filhos… ufa!
Tem tanta coisa que ainda quero fazer nos meus 20 e poucos. Não sei nem se vai dar tempo, mas não tem problema. Se precisar, peço uns dias emprestados dos 30 e tantos.
Este texto foi originalmente escrito em 2016. Já estou beirando os 30, mas sigo concordando com o Lucas de quatro anos atrás.